A saúde digital na rotina do médico após a pandemia e a chegada da telemedicina

Como a evolução da tecnologia na medicina está interferindo nos consultórios médicos? Foi este o fio condutor de toda discussão do simpósio satélite da Conexa Saúde no VII Congresso Médico da Unimed-Rio, com Gabriel Garcez, diretor médico da plataforma e médico ortopedista.

Ele começou explicando que a transferência da vida para um universo cada vez mais digital foi completamente impulsionada com o período de afastamento social devido à pandemia de Covid-19. Após dois anos de tantas mudanças, com o setor da saúde não seria diferente. Mas, segundo Gabriel, se engana quem acha que recursos como a telemedicina vêm para substituir o atendimento físico. “São ferramentas complementares”, afirma.

Apesar de ter começado antes, o estouro da saúde digital ocorreu mesmo no período da pandemia. Para ter uma ideia desse aumento, antes da pandemia a telemedicina atingia 1% dos médicos do mundo, após a Covid-19, essa porcentagem aumento para algo entre 50% e 80%, segundo a Harvard Bussiness Review. Para Gabriel, isso mostra como a sociedade já vislumbrava essa tendência de casar a medicina com a tecnologia e facilitar o acesso do médico aos pacientes.

Para mostrar o exponencial crescimento da telemedicina, Gabriel trouxe mais alguns dados dos atendimentos realizados na plataforma da Conexa. Em 2020, o primeiro ano da pandemia, foram mais de dois milhões de atendimentos. Hoje, após mais de dois anos e, mesmo em um cenário mais controlado, esse número vai para nove milhões de atendimentos só na plataforma.

Além dos atendimentos online, o diretor médico comentou sobre outras tecnologias complementares que já estão sendo estudadas para serem usadas nas consultas, principalmente em casos de pacientes crônicos. Ele mencionou o uso de dispositivos de monitoramento pessoal, como um aparelho que mede a pressão arterial da casa do paciente e sobe a informação direto para o prontuário do médico. Outro exemplo são os medidores de glicemia que são feitos também casa. Este dispositivo gera um relatório e sobe ele para nuvem, para que o médico possa acessá-lo.

Desafios da saúde digital daqui em diante

“O principal desafio agora é a gente não repetir no digital os problemas que vivemos há tantos anos no físico”, afirmou Gabriel ao abrir a discussão. Para ele, a promoção eficiente e menos custosa deve ser a prioridade das cooperativas nos próximos anos. Ele completou, afirmando que agora é o momento de continuar com os avanços e intensificar os estudos e análises para colher bons frutos no futuro.

Ao responder sobre a importância de discutir sobre saúde digital em congressos como este, Gabriel deixou um recado aos médicos: “quem promove a revolução e transformação digital na saúde são os profissionais da saúde”. Para ele, de nada adiantará todo o avanço e estudos se os profissionais da saúde não comprarem as ideias e não estiverem dispostos a colocar em prática o uso de recursos tecnológicos.