Telemedicina, algoritmo, realidade virtual, metaverso. O futuro já chegou e se apresenta como um desafio para a sociedade de forma geral e para a saúde suplementar de forma bem específica. Como lidar com isso? Como se adaptar enquanto profissional e também como setor? São muitas as perguntas e grandes os desafios e foi sobre eles que o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou na palestra magna de abertura do VII Congresso Médico Unimed-Rio.
“Eu estava vindo para cá e pensando como abordar um tema tão vasto: ‘Os desafios do cooperativismo, da saúde do século XXI’. Quando temos um desafio desse tamanho, precisamos dividi-lo para identificar os principais pontos, aqueles que precisam de muita atenção”, disse, acrescentando que a conjuntura, por si só, traz dificuldades extras – “vimemos um momento de muitas certezas e incertezas da pós-verdade” – e que para se preparar para o futuro é importante olhar para o passado.
Mandetta destacou que o movimento de luta pela saúde vem tentando se organizar há muitos e muitos anos. Uma luta de construção de um sistema de saúde ainda precário que começou em 1543, com a criação da primeira Santa Casa do Brasil, um modelo de assistência português que foi replicado em várias partes do mundo com a colonização.
“Seguimos com este modelo até o início do período industrial brasileiro. Com a vinda das montadoras, chegaram também os planos de saúde que logo passaram a ser um objeto de desejo da classe média. Nesse cenário, o cooperativismo surge como uma inovação, mas sem qualquer regulamentação. Somente em 1998 é criada uma legislação sobre planos de saúde”, relembrou Mandetta.
Desafios
Vinte dois anos depois, ele acredita que esteja se aproximando a hora de uma revisão de lei e que este seja o primeiro desafio. “Temos um modelo de plano que é como um plano de doença, que as pessoas possuem para quando ficarem doentes, e que está com os dias contados”, afirmou.
Mandetta ressaltou que estamos vivendo mais, a renda do brasileiro é incompatível com a lógica de reajustes atual e existe a necessidade de agregar tecnologia em saúde. Uma nova realidade que já se coloca e diante da qual os médicos precisam ser atuantes.
“O sistema cooperativista ainda é muito reativo, o que nos leva a um segundo desafio: assumir uma posição de protagonismo nas discussões que nos interessam. Precisamos nos sentar à mesa com o novo congresso eleito para discutir estas questões. Precisamos participar politicamente no palco que nos interessa. Afinal, quem quer se fazer representar tem que participar”, declarou.
O mundo, de fato, é outro e segue em transformação. “Vamos apenas observar a sociedade debatendo temas que pensamos que não tem a ver conosco?’, questionou Mandetta. Como fazer isso? Princípios. “Enquanto nosso foco for, na eterna luta da vida contra a morte, salvar vidas todos os dias, vamos precisar de disciplina e de ética. Façamos uma medicina digna e correta!”, exaltou.
A palestra magna de abertura contou com a participação de Eduardo Costa, conselheiro técnico-científico e coordenador de ensino do Instituto Unimed-Rio, e Coordenador das Comissões Científicas do VII Congresso Médico Unimed-Rio, que presidiu a mesa, estimulando um debate sobre a relação SUS x saúde suplementar. Além de entregar um presente ao conferencista como forma de agradecimento por sua participação no evento.
Participação que foi muito elogiada pelos presentes. Médicos como o pediatra João Alfredo Werner, cooperado desde 1988, consideraram a apresentação muito boa. “Ele conseguiu se aprofundar e desdobrar nos temas, fazendo uma análise histórica muito interessante e trazendo uma visão muito boa sobre a nossa realidade”, comentou.